A fadista Ana Moura cantou, este domingo, no concerto dos U2, na Altice Arena, em Lisboa – o primeiro de dois espetáculos seguidos na capital portuguesa. Tal como tinha sido anunciado no fim de semana, a cantora portuguesa foi convidada pelo grupo irlandês para participar no tema ‘Women of the World’, de Ivor Cutler, reproduzido num vídeo onde um coro interpreta a canção, e durante o qual vão sendo projetadas frases que alertam para a desigualdade de género no mundo e para a forma como isso contribui para maiores níveis de pobreza nas mulheres.
Em todos os espetáculos da #U2eiTour, o grupo apresenta um vídeo, que promove e amplifica a ação ‘Poverty is Sexist’ (‘A Pobreza é Sexista’), da organização ONE, fundada por Bono e outros ativistas, com o objetivo de lutar, junto dos poderes políticos, contra a injustiça e desigualdade. Dentro da organização, a campanha ‘Poverty is Sexist’ aborda especificamente as causas que mantêm as mulheres e meninas dos países menos desenvolvidos em condições de pobreza extrema.
O momento, que, em Lisboa, contou com Ana Moura e que pode ver no vídeo em baixo, captado por um elemento do público, é uma forma de dar palco às mulheres que estão “no terreno a trabalhar para derrubar os obstáculos que se colocam mulheres e raparigas” e as impedem de aceder às oportunidades.
“Muito honrada por fazer parte dos espetáculos dos U2 em Lisboa e juntar a minha voz ao#womenoftheworldtakeover em apoio da@ONE. #PovertyisSexist – Há mulheres heróicas em todo o Mundo que se têm unido para derrubar os obstáculos que limitam as mulheres. Por favor acedam a ONE.org para saberem mais sobre estas incríveis heroínas e assinem a petição que apela aos líderes mundiais que garantam justiça para as mulheres em todo o Mundo. Porque nenhuma de nós é igual até que todas de nós sejamos iguais. https://www.one.org/international/women-of-the-world-take-over/ “, escreveu Ana Moura na sua página de Instagram, horas antes de subir ao palco dos U2.
Segundo dados da ONE, há 130 milhões de raparigas sem educação, mil milhões de mulheres não têm acesso a uma conta bancária e 39.000 crianças do sexo feminino são forçadas a casar antes de atingirem a idade adulta.
“Não há nenhum lugar do mundo onde as mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens, mas a diferença de género é muito maior para as mulheres que vivem na pobreza”, refere a organização.
“Abençoada Lisboa” sem Amália
No final do concerto de ontem, os U2 publicaram, na sua página oficial do Facebook e Instagram, e com a qual pretenderam elogiar os ilustres conhecidos que a cidade, ou, na realidade, o país, deram ao mundo.
“Abençoada é Lisboa, a cidade que nos deu Ronaldo, Eusebio, Fernando Passoã Antonio Guterres, jose saramango. #U2 #U2eiTour #lisboa #portugal”. Além dos pequenos erros ortográficos (como ‘Saramango’ ou ‘Passoã’), que não passaram despercebidos a vários fãs portugueses, a maioria dos mencionados não é de Lisboa e, em grande parte dos casos, os respetivos feitos, com a escala internacional subentendida no texto, não estão particularmente associados à cidade – como acontece com Cristiano Ronaldo, José Saramago e António Guterres.
Mas mais do que isso, os U2, que momentos antes tinham destacado a importância da igualdade de direitos entre homens e mulheres, acabaram por cometer o lapso de não incluir uma única mulher, nos mencionados, quando uma das figuras mais internacionais de sempre de Portugal, que Lisboa deu ao mundo e que cantou a cidade por ele fora, é, precisamente, uma personalidade feminina: Amália Rodrigues.
Lapsos à parte, fica a importância da mensagem que a fundação ONE aproveita para passar nesta tournée, a de que a pobreza, como mostram os números, é ainda mais penalizadora para as mulheres e que acaba com os desigualdades de género, nas suas diferentes vertentes, é um dos grandes passos na sua erradicação. Ana Moura volta, esta noite, a juntar-se aos U2, para cantar com o coro do tema ‘Women of the World’.
AT
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