Vinhos de encosta estão em risco de desaparecer. Esta é a razão e alerta engloba Portugal

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[Fotografia: Pexels/Skitterphoto]

Para lá do risco de perder o produto agrícola, estima-se ainda a mudança da paisagem, a economia local, a história e as raízes das comunidades. O alerta chega de cientistas italianos da Universidade de Pádua que identificam e alertam para o facto de a produção de Prosecco e de outros vinhos italianos conceituados estarem em risco devido às mudanças climáticas que se têm vindo a registar.

O risco não é apenas perder um produto agrícola ou ver uma mudança na paisagem, impactando negativamente a economia local”, avança o principal autor do estudo e professor em estudos do solo e conservação da água da Universidade de Pádua. Para Paolo Tarolli estão também em causa “os riscos de perder a história de comunidades inteiras e suas raízes culturais”.

As vinhas de montanha vivem, normalmente, em solos finos, erodidos e de aspeto quase rochoso, mas adaptam-se bem porque conseguem ter raízes profundas que captam água. Porém, seguindo alerta este grupo de estudos, estes vinhedos estão mais ameaçados devido a uma combinação de eventos climáticos extremos e ao aquecimento global. Uma realidade que, vincam os mesmos especialistas, existe também em Espanha e Portugal.

De acordo com o estudo, a má qualidade do solo e a diminuição das chuvas representam as maiores ameaças para o setor, fatores a que se juntam barreiras socioeconómicas significativas. “A última metade do século passado foi caracterizada pelo êxodo rural e pelo abandono gradual das paisagens montanhosas. A nova geração não está disposta a continuar a trabalhar em condições extremas se os benefícios económicos forem insignificantes”, analisa Paolo Tarolli.

Por isso, considera o especialista, “a chave do sucesso está em combinar o conhecimento tradicional dos enólogos com inovação e rigor científico. Dessa forma, as propriedades podem trabalhar em estreita colaboração com os cientistas para melhorar os investimentos para uma paisagem agrícola mais funcional, sustentável e segura”, conclui o autor do estudo.

Quanto a possíveis soluções para evitar a degradação de solos, os cientistas apontam o cultivo de relva entre as videiras para manter o solo unido e recolher a água da chuva em tanques nas encostas, segurando-a em vez de evitar o desperdício.