A capitã egípcia que foi a primeira deputada árabe

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Rawiya Atyya foi eleita em 1957 para o parlamento egípcio, tornando-se a primeira deputada no mundo árabe. A fama conquistada durante a guerra de 1956 contra Israel, onde ajudou a treinar quatro mil enfermeiras, fez com que a jovem capitã ultrapassasse o preconceito contra as mulheres na política e a verdade é que durante toda a campanha usou sempre farda.

Nascida em 1926 na província de Gizé, onde ficam as famosas pirâmides, teve uma educação muito política, com o pai a ser dirigente do partido nacionalista Wafd, que lutava contra a influência britânica sobre a monarquia. Uma das memórias mais antigas de Rawiya era a visita ao pai, numa das passagens pela prisão. E com 13 anos ela própria foi ferida por uma bala perdida durante uma manifestação.

Licenciou-se em 1947 em Literatura pela Universidade do Cairo. Mas ao longo da vida foi acumulando mais cursos, desde um de Educação e Psicologia a um de Jornalismo. Por isso não é de surpreender que tenha sido professora durante 15 anos.

Depois da revolta liderada por Nasser em 1952, que derrubou a monarquia, Rawiya aderiu entusiasmada ao novo regime. E como deputada, tentou fazer aprovar a abolição da poligamia, mas o bloco conservador era muito forte mesmo no Egito progressista. E nas eleições seguintes, Rawiya não conseguiu voltar ao Parlamento, o que não a impediu de manter-se ativista pelos direitos das mulheres e dirigente do Crescente Vermelho, a variante nos países islâmicos da Cruz Vermelha.

Em 1984, Rawiya voltou a ser eleita deputada. Morreria em 1997, quatro décadas depois de ter sido pioneira na política árabe. Nas últimas eleições no Egito, dos 569 assentos em disputa, 75 foram ganhos por mulheres. Com os 14 lugares designados pelo presidente Al-Sissi, as deputadas são agora 89, cerca de 15% do total de parlamentares.