“Agora há um rastreio do cancro da mama pirata e outro oficial”, acusa presidente da LPCC

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[Fotografia: pexels/Anna Tarazevich]

A celebração do novo protocolo de rastreio entre a Fundação Champalimaud e a Câmara de Lisboa, na quinta-feira passada, 26 de outubro, está a causar indignação junto da Luta Portuguesa Contra o Cancro (LPCC). “É perfeitamente inconcebível. Só se for para uma angariação de novos doentes”, invocou o presidente do Núcleo regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), Vítor Veloso, em declarações à Delas.pt na sexta-feira, 27 de outubro.

Falando em “estranheza” relativamente a esta iniciativa para prevenir e diagnosticar a doença em mulheres lisboetas abaixo dos 50 anos, que acontece um ano depois de a LPCC ter precisamente começado rastrear mulheres acima dos 50 em Lisboa, Vítor Veloso avançou: “Agora há rastreio pirata de cancro de mama e outro oficial”, sendo o primeiro o recém-criado da autarquia e o segundo o da LPCC.

“É incompreensível que existam duas entidades que façam o mesmo trabalho”, referiu Veloso. Confrontado com o facto de serem idades diferentes e mais novas, o responsável lembrou que “provavelmente a idade do rastreio vai baixar” e que a LPCC está preparada para isso. “Se a intenção fosse cumprir conforme o coordenador nacional das doenças oncológicas defende, baixar os rastros para os 45 ou 40 anos e aumentar a 75, a Liga fará esse ajuste, de imediato”, assegurou.

Quanto à possibilidade de a LPCC vir a tomar alguma medida, Vítor Veloso reencaminhou eventuais detalhes para o presidente da LPCCdo Sul: Francisco Cavaleiro Ferreira.

E se na sexta-feira este responsável não quis prestar declarações à Delas.pt e reencaminhou uma tomada de posição para segunda-feira, 30 de outubro, dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama, a verdade é que Cavaleiro Ferreira lamentou à agência Lusa, este domingo, 29 de outubro, não ter ainda conhecimento do protocolo e afirmou: “cria dispersão e vai ser mais difícil aumentar a taxa de participação” das mulheres no programa nacional de rastreio que a Liga tem em Portugal há mais de 30 anos.

“A Liga esteve na génese do programa de rastreio há 30 anos, já fizemos 5,3 milhões de mamografias e, só no primeiro semestre deste ano, fizemos mais de 200 mil mamografias“, disse o responsável, lamentando que a Câmara de Lisboa tenha conseguido encontrar um espaço nas Olaias para a sua iniciativa e não tenha, “há mais de um ano, conseguido encontrar um espaço semelhante para o programa de rastreio” da LPCC.

“As mulheres acima dos 50 anos têm este rastreio pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, através do Serviço Nacional de Saúde, mas quem tem menos de 50 anos? Portanto, aquilo que queremos aqui é ir, neste caso muito em particular, para além do Serviço Nacional de Saúde”, afirmou o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), na altura.

Na cerimónia de assinatura do protocolo, o autarca justificou a decisão de disponibilizar rastreios mamários gratuitos a todas as mulheres residentes em Lisboa, independentemente da idade, com o facto de a incidência do cancro em pessoas abaixo dos 50 anos ter aumentado em 80% nos últimos 30 anos.