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Os horrores e as maravilhas da gravidez. Elas contam como foi

Percorra a galeria e fique a conhecer as duas experiências antagónicas de duas mães e sob sete perspectivas. [Fotografia: Shutterstock]
Mudanças no corpo: “Juro que não comi alarvemente, mas consegui aumentar 30 quilos. O meu peso habitual é 60, dá para imaginar a diferença, certo? Ouvi milhares de vezes se o bebé estava para breve a partir do 6º mês ou se eu estava grávida de gémeos”, diz Catarina. [Fotografia: Shutterstock]
Marta refere: “Ver a barriga crescer, a cintura a desaparecer e o corpo a ficar roliço foi, incrível dizer isto, uma verdadeira alegria. Comi muito, soube-me ainda melhor e ganhei 15 quilos. Um aumento que, contas feitas, representou 35% a mais do que eu estava habituada. Sim, estava muito magra. Com a gravidez, ouvi tantos elogios…” [Fotografia: Shutterstock]
Mobilidade: Catarina conta: “Deixei de conseguir apertar os sapatos, deixei de conseguir passar nas escadas de serviço para ir estender roupa, passei a cansar-me horrores, a caminhar muito mais devagar e a fazer tudo muito mais devagar. E a acordar à noite para me conseguir virar na cama…” [Fotografia: Shutterstock]
Marta conta que “nunca foi de fazer desporto”, mas esteve sempre “bastante enérgica”, apesar de os dois primeiros meses terem sido de alguma sonolência com a qual foi até fácil de lidar. Tirando isso, a barriga permitiu quase tudo, até “para montar gavetas em armários, em casa, aos sete meses”. “Fiz tudo, sobretudo depois de ter descoberto a faixa [e não a cinta] que se coloca sob a barriga. Hoje, ainda penso nela quando tenho dores nas costas (que não tive durante a gravidez).” [Fotografia: Shutterstock]
Sono: “Sono sempre e em todo o lado. Cheguei a adormecer em casa de uns amigos enquanto jantávamos. Horrível”, refere Catarina. [Fotografia: Shutterstock]
“A primeira bulha regular, de caráter quase diário, com o meu filho aconteceu a partir do sexto mês. Em que eu só dormia sobre o lado esquerdo e ele mexia-se horrores porque queria que eu adormecesse sobre o lado direito. Achei graça a esta primeira altercação mãe-bebé. Adorei ver o meu sono interrompido a meio da noite por causa de um pontapé. Ou dois. Ou três. Foi exatamente a falta deles que me despertou para algo que não estava bem. E não estava errada”, suspira Marta. [Fotografia: Shutterstock]
Bebidas: “Deixei de beber álcool, claro. E confesso que houve dias que senti uma saudades terríveis. Num desses dias tive a veleidade de beber um copo de vinho branco e fui fuzilada com o olhar de montes de gente”, lamenta Catarina. [Fotografia: Shutterstock]
Marta: “Sim, se calhar sou estóica! Tendo sido uma gravidez muito desejada, já estava à espera de fazer estes cortes. Adoro vinho, cerveja e festa sem álcool nunca foi coisa para mim. Mas bastou-me uma decisão e mantive-a quase até ao fim da amamentação. Tive saudades, claro! Mas adorei ainda mais saber que consegui!” [Fotografia: Shutterstock]
Ser o centro das atenções: “Toda a gente a falar comigo, a querer saber detalhes da gravidez, inclusivamente pessoas que nunca tinha visto antes… Odiei essa intromissão e outra, ainda mais: porque raio é que as pessoas faziam festas na minha barriga? A barriga é minha e se não pões a mão no meu estado normal porque é que pões as mãos e esfregas só porque eu estou grávida?”, pergunta Catarina. [Fotografia: Shutterstock]
“Pela primeira vez na vida, durante nove meses, soube sempre onde pôr as mãos. E nunca me incomodou que as pessoas quisessem saber detalhes, sendo que me perguntaram sempre se podiam tocar. Adorei ouvir as histórias boas e más das gravidezes e dos partos das outras, sobretudo porque nunca achei que alguma daquelas pudesse vir a ser a minha. Nunca nenhuma me impressionou ou me provocou medo sobre o que ia acontecer. Achava que as pessoas tinham necessidade de falar de um trauma”, considera Marta. [Fotografia: Shutterstock]
Roupa: Para Catarina, “a roupa de grávida era horrível. Nada normal”. “Eu não queria estar sexy mas não queria andar só de cor de rosa e castanho. Blagh!” [Fotografia: Shutterstock]
“Rosa e castanho? Eu só via tudo a preto e azul-escuro!”, responde Marta. “Bem, em todo o caso era tudo horroroso, de facto! Mas isso não me incomodou porque, como sempre tive muitos vestidos, muito largos, não comprei quase roupa nenhuma. Aliás, parte dela foi emprestada porque, finalmente, vestia tamanho de gente. E era bem gira, por sinal. Já agora, obrigada, meninas!” [Fotografia: Shutterstock]
Sexo: “Tinha imensa vontade de fazer sexo, ainda mais do que o habitual, mas o meu marido não queria. Achava esquisito. Fazia-lhe confusão. As poucas vezes que fizemos durante os nove meses (OMG) foi estranho porque a minha mobilidade e o meu peso não ajudaram nada”, confidencia. Fotografia: Shutterstock]
“Vivi uma gravidez com algumas restrições episódicas em matéria sexual e, desde cedo, tive de me habituar a essa possibilidade. A verdade é que foi sempre tudo muito natural entre mim e o meu marido, fomos sabendo encontrar alternativas. E giras!”, conta Marta. [Fotografia: Shutterstock]

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Catarina e Marta. Duas mulheres de 37 anos que têm em comum a maternidade, mas vivem, entre si, um fosso de experiências em torno dessa mesma vivência. A primeira odiou – isso mesmo, odiou – estar grávida. A segunda adorou. Sim, também o faz com a mesma intensidade.

No dia em que se evoca a gravidez, dia nove do nono mês do ano – setembro – numa relação direta aos nove meses de gestação, estas mulheres, sob anonimato, recordaram ao Delas.pt sensações, emoções e momentos duma fase da vida que está longe de ser consensual, apesar de grande parte da narrativa vigente falar em “maravilhas”.

É que se para algumas mulheres, este momento é um sonho. Para outras, é o pesadelo que se lhes abate sobre os ombros. E nem sempre a sociedade compreende tão bem este segundo grupo.

Num frente a frente, Catarina e Marta falaram de como reagiram às mudanças no corpo, às crescentes limitações de mobilidade, às privações do sono e dos pequenos vícios como um simples copo de vinho. Tudo isto sem esquecer o sexo ou a forma como uma barriga de grávida parece, socialmente, passar a ter um letreiro a dizer: “Por favor… pode mexer”.

Na galeria acima, fique a conhecer o que cada uma daquelas mulheres tem a dizer sobre a gestação.

Para lá dos relatos que cada recém-mamã pode ter, há, contudo, outros aspetos que, em matéria de maternidade, merecem hoje destaque. Numa sociedade em que ter um filho é um projeto que se cumpre cada vez mais tarde, tal pode acarretar custos para a saúde de ambos, mas nem sempre há consensos nos estudos que vão sendo divulgados internacionalmente.

Gravidez não é doença. Mas será que se está a tornar?

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) alertou esta semana para o aumento de grávidas obesas, com diabetes, hipertensão arterial, síndrome depressivo e patologia osteoarticular, problemas que estão a preocupar os especialistas desta área.

“Em Portugal temos cada vez mais as doenças associadas aos excessos, ao sedentarismo e à idade avançada. Há cada vez mais grávidas obesas, com diabetes, hipertensão arterial, síndrome depressivo, patologia osteoarticular”, segundo Inês Palma dos Reis, coordenadora do Núcleo de Estudos de Medicina Obstétrica (NEMO) da SPMI.

A propósito do Dia da Grávida, que se assinala sábado, este núcleo da SPMI citou à agência Lusa dados da base de dados Pordata, segundo os quais a idade média da mãe ao nascimento do primeiro filho está hoje nos 30,3 anos. Há 16 anos não ia além dos 26,5.

Relativamente aos partos depois dos 40 anos (5,2% do total em 2015), Inês Palma dos Reis referiu que, “com o avançar da idade, acumulam-se muitas vezes as doenças e até a medicação crónica, com respetivos riscos para a gravidez“.

Em mulheres com hipertensão arterial, por exemplo, “é mais frequente haver complicações na gravidez, como a pré-eclampsia e eclampsia, com riscos para a mãe e feto, parto pré-termo, alterações no crescimento fetal, aborto ou morte fetal”, acrescentou.

Segundo Inês Palma dos Reis, “algumas doenças, como as associadas a disfunções da imunidade, podem apresentar menos sintomas durante a gravidez. Por outro lado, as doenças ou a medicação necessária para as controlar podem, por vezes, diminuir a fertilidade, aumentar o risco de malformações fetais, transmissão fetal ou outras alterações no seu desenvolvimento e dificultar o adequado aumento de peso materno ou um trabalho de parto seguro”.


Recorde estudos que apontam para o facto de mães mais velhas terem filhos menos problemáticos


A SPMI reforça a importância de “hábitos de vida saudáveis (exercício, alimentação, evitar álcool, tabaco, drogas) e de procurar vigilância médica adequada, sobretudo nos casos em que são já pré-existentes doenças e/ou medicação crónicas”.