Ser-se popular na escola paga-se… na almofada, e as raparigas são mais afetadas

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[Fotografia: pexels/Olly]

Um adolescente mais ‘cool’ e popular na escola pode dormir menos meia hora de sono por noite em tempo de escola do que em comparação com todos os outros que registam menos interações nas redes sociais. Contas feitas, ao fim de cinco dias de aulas, são duas horas e meia a menos de descanso.

Os resultados agora apresentados foram detetados por investigadores da Universidade de Örebro, na Suécia, e da Universidade Flinders, na Austrália, que cruzaram dados de 1300 estudantes do secundário.

A análise consistiu em correlacionar os dados desses alunos com as contas de redes sociais, dividindo-os em grupos: os “populares”, os que recebem mais indicações de amigos e colegas, as “pontes sociais” – os que unem amigos de diferentes grupos – e os “isolados”, os que não apresentam quaisquer conexões ou quase nenhumas. Foi depois pedido um mapa de horas de sono para perceber a existência de correlações nas dinâmicas acima referidas.

Publicada na revista Frontiers in Sleep (cuja síntese pode ler no original aqui), o caso parece ser mais agudo junto do sexo feminino, com as raparigas mais populares a relatarem também mais sintomas de insónia, maior dificuldade em adormecerem ou a reportarem mais interrupções do sono ao longo da noite. Uma discrepância face aos rapazes que os investigadores admitem também poder estar relacionada com as diferentes pressões e expectativas sociais colocadas mais sobre eles do que sobre elas.

O mesmo estudo publicado no início deste mês indica que não encontrou problemas de sono nos outros dois grupos: “pontes sociais” e os “isolados”. Portanto, mais do que o volume e dimensão de seguidores nas redes, importa o estatuto que se ganha nelas e os efeitos que tal provoca nos hábitos de sono.

Tendo em conta estes resultados e os efeitos nefastos da privação do descanso, os investigadores pedem mais estudos mas também solicitam que os pais estejam mais atentos à vida social dos filhos e à forma como esta, exercendo-se não pela melhor via, pode estar a comprometer a saúde mental e desempenho intelectual.