“Competência não tem género”, diz Alexandrina Cruz, a nova presidente do Rio Ave

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Alexandrina Cruz eleita presidente do Rio Ave [Fotografia: Ivan Del Val/Global Imagens]

O Rio Ave, da I Liga portuguesa de futebol, anunciou que Alexandrina Cruz foi eleita nova presidente do clube vila-condense, após um ato eleitoral que superou a adesão do último sufrágio, em 2020.

A candidata única recebeu 1.006 votos, num total de 1.077 sócios que participaram na eleição, registando-se ainda 60 votos em branco e 11 votos nulos.

No último ato eleitoral, há três anos, quando António Silva Campos foi eleito para um último mandato, participaram 665 associados, sendo que o clube tem cerca de 4.000 sócios pagantes.

Alexandrina Cruz, de 46 anos, é natural de Junqueira, Vila do Conde, licenciada em gestão e já era vice-presidente para a área financeira, estando no Rio Ave há 19 anos.

Na primeira intervenção como líder do emblema de Vila do Conde, a dirigente prometeu “muito trabalho para encarar uma época que será exigente”, dada a sanção aplicada pela FIFA, que impede o clube de inscrever jogadores até 2023.

Será uma época muito diferente de todas as outras, que será quase dividida em duas, antes e depois do mercado de inverno. O primeiro objetivo será a manutenção, para a conseguir o mais rápido possível, e depois, ambicionar tudo o que for possível”, disse.

Ainda sobre essa sanção imposta pela FIFA, Alexandrina Cruz mostrou esperança de que possa haver um volte face, mediante um recurso que foi entregue ao organismo que tutela o futebol mundial.

“Já cumprimos a sanção na última janela [de transferências] de inverno, mas houve um julgamento a 5 de abril e estamos à espera dessa decisão. Pedimos, esta semana, que a decisão fosse célere, para que viesse uma resposta definitiva antes do fim deste mercado de verão, continuamos a aguardar”, revelou.

Em caso de resposta negativa, a nova líder do clube da foz do Ave considera que o Rio Ave tem de encontrar soluções internas para superar a primeira fase da época sem novos jogadores, apontando o setor de formação como “uma oportunidade”.

“Um dos nossos objetivos do mandato é fazer um trabalho forte ao nível do departamento de formação, e esta questão da não inscrição de novos jogadores é uma oportunidade para termos os nossos jovens a subir à equipa principal”, partilhou.

Ainda no lote de primeira medidas, a nova líder do Rio Ave apontou a criação de uma SAD como uma das prioridades para levar a debate com os sócios. “É fundamental para continuidade do Rio Ave e já estamos a trabalhar há algum tempo nessa solução. Os sócios vão ter de decidir isso numa assembleia geral extraordinária, no mínimo tempo possível, porque não é possível termos bons resultados desportivos sem estarmos bem financeiramente”, analisou.

Alexandrina Cruz é a primeira mulher a presidir a um clube de futebol profissional da I Liga, por eleição dos sócios, apesar já ter havido lideranças femininas no caso de Margarida Camacho, no Nacional, e Sílvia Carvalho, no Leixões, mas ambas a serem nomeadas para presidir às respetivas SAD.

“É uma sensação ótima ter obtido este resultado eleitoral que mostra a força e vitalidade do Rio Ave. Sobre ser mulher, a minha opinião é que a competência não tem género. É igual ser homem ou mulher a presidir a um clube“, reiterou.

Entretanto, a eleição de Alexandrina Cruz já teve a reação do presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, que deixou, nos canais do organismo, felicitação à nova líder do Rio Ave.

“Assinalo o facto histórico e simbólico de se tratar da primeira mulher que assume tão relevante cargo num clube da I Liga no futebol português. Temos felizmente cada vez mais exemplos de mulheres que exercem cargos de liderança em várias áreas da sociedade e também no desporto, nomeadamente no futebol”, disse Fernando Gomes.

LUSA