Cortar o cabelo ou fazer as unhas pode ficar mais caro. E a razão está a 4 mil quilómetros

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[Fotografia: Rodnae Productions/pexels]

Os estilhaços da guerra vão muito para além dos confrontos e dos ataques militares. Os conflitos interrompem cadeias de matérias-primas, de transportes e imiscuem-se em toda a economia, fazendo disparar preços até em setores onde menos se espera.

Em cerca de dez dias, a guerra na Ucrânia, na sequência da invasão da Rússia desde 24 de fevereiro, já fez subir os preços dos combustíveis em Portugal, elevando-os a patamares recorde. O mesmo se vai passar com o supermercado e com todos os bens de consumo e em todas as compras do dia-a-dia. A moda e a beleza não são, seguramente, uma exceção.

“Não tivemos ainda nenhum feedback respeitante a este caso por parte dos nossos associados, mas o impacto nos custos das matérias-primas com que trabalham, nos transportes e na energia que é usada vai ser sentido”, diz Cristina Bento. A secretária-geral da Associação Portuguesa de Barbearia, Cabeleireiros e Institutos de Beleza (APBCIB) alerta ainda para “uma diminuição do poder de compra, que se vai refletir na frequência com que as pessoas vão recorrer aos serviços”.

“A margem que os profissionais têm já é tão diminuta que vão ter dificuldades em suportar mais estes custos, e isso vai-se refletir no preço final”, acrescenta Cristina Bento ao Delas.pt. E se isto se aplica aos cabelos, o mesmo sucederá a serviços de beleza diversos, entre eles as unhas. “O impacto é transversal a todas essas situações uma vez que operam muitas vezes em espaços partilhados”, vinca.

A secretária-geral da APBCIB explica que a entidade “não fez nenhuma assembleia de associados para falar sobre esse assunto, mas há essa preocupação quer ao nível do pessoal, quer ao nível do negócio”, num setor em que não há números concretos sobre o volume da massa laboral envolvida. Estima-se que sejam 50 mil as pessoas a operar no setor, com a estética a poder representar mais 20 mil trabalhadores, em Portugal.

“Somos filiados na Confederação de Comércio e Serviços de Portugal e na Confederação das Pequenas e Médias Empresas, temos canais, quer através das confederações, quer nossos junto de entidades governativas, vamos colocar as preocupações às entidades governativas do setor”, explica Cristina Bento.