É assim que as celebridades escolhem a roupa paras as galas

A passadeira vermelha é sempre o local com mais holofotes de uma grande gala. Mais do que os prémios atribuídos ou os discursos inspiradores são os vestidos e jóias das celebridades que fazem correr rios de tinta. As imagens são replicadas um pouco por todo lado, passando pela televisão, revistas e redes sociais. Um escrutínio que leva a que cada detalhe seja pensado ao milímetro.

Os responsáveis por cada pormenor são os stylists que escolhem o que as famosas levam vestido a cada evento. Falámos com alguns dos mais requisitados do país, para saber de que é feito o caminho até ao photocall de um grande evento.

Ser stylist de famosas está longe de ser trabalho fácil, já que as variáveis que se devem alinhar na perfeição são diversas. Deve ter em atenção o estilo de quem está a vestir, o tipo de corpo da pessoa, o tipo de evento para que está a trabalhar e ainda, em alguns casos, corresponder às relações que as celebridades têm com certas marcas. Não chega escolher um vestido e rezar para que este sirva na perfeição, é preciso experimentar cada look e entre todos eleger aquele que melhor fica nas clientes, mas também averiguar o que as faz sentirem-se mais bonitas e confiantes.

Do cabide para a passadeira vermelha

A roupa que vemos desfilar à porta das grandes galas é quase sempre emprestada. Os stylists vão buscá-la a showrooms (gabinetes de comunicação que têm disponível a roupa das marcas que representam, para emprestarem para produções de moda ou eventos), ateliês de designers ou a lojas. As peças eleitas são as que caminham debaixo de todos os focos, mas em quase todos os casos, qual Cinderela, quando o baile termina cada vestido volta ao seu local de origem.

Gabriela Pinheiro, 41 anos, começou a fazer styling para as estrelas da televisão portuguesa há oito anos, e é sempre a responsável pelos looks de Cláudia Vieira na passadeira vermelha. A sua carteira de clientes conta ainda com Sofia Cerveira, Diana Chaves, Olívia Ortiz e Oceana Basílio. O seu processo de trabalho passa por uma conversa prévia com a cliente para perceber o que esta idealiza para aquele evento e quais os seus gostos pessoais. Com base nestes dados, Gabriela recolhe roupa em vários locais explicando sempre às marcas em que contexto e por quem serão usados. Depois da seleção feita, uma escolha que pode facilmente chegar a mais de uma dezena de opções, das quais apenas uma será escolhida, a stylist recebe a celebridade no seu ateliê e é lá que experimenta cada uma das opções. “Para mim a roupa só vive no corpo de alguém, por isso preciso mesmo que a pessoa experimente a roupa para conseguir perceber se fica bem e se ela se sente bem com as escolhas. Mais do que as marcas, interessa-me a forma como um look faz sentir quem o está a vestir. Por isso, faço sempre uma recolha de peças muito grande, para ter muitas opções”.

Ricardo Aço, 27 anos, é stylist há cinco e tem um processo de trabalho um pouco diferente. “Normalmente envio imagens de cinco looks que sei que vou conseguir para aquela pessoa usar naquela gala em particular. Desses looks as clientes escolhem os preferidos, e a partir dessas escolhas eu vou recolher mais opções. Depois fazemos um fitting e é nessa altura que se escolhe o look final. Às vezes o que pode acontecer é existir uma peça que a cliente tem mesmo de usar naquele dia, e então aí construo o look em torno dessa peça-chave, mas tenho sempre várias opções”, explica ao Delas.pt o responsável pela maior parte dos looks de Teresa Tavares, Soraia Chaves, Matilde Breyner e Bárbara Lourenço, que passam a maior parte das vezes pelas suas mãos.

Jessica Athayde, Filomena Cautela, Liliana Campos, Sara Prata e Catarina Gouveia, deixam muitas das suas escolhas de gala a cargo de João Silva, 32 anos. No caso das famosas com quem trabalha mais regularmente, João tem um processo de trabalho semelhante ao de Ricardo, começando por enviar imagens de looks e fazendo depois uma recolha de acordo com feedback que tem das clientes. “Algumas vezes as minhas clientes também me enviam imagens de inspiração com o que gostariam de vestir e trabalho a partir dessas expectativas. Mas tenho outras pessoas com quem trabalho que confiam absolutamente nas minhas escolhas e me dão carta branca para escolher”, conta João ao Delas.pt. O stylist revela ainda que durante as semanas de moda nacionais tira logo fotografias a algumas das roupas que desfilam tendo em conta as famosas que veste. No caso de ter uma gala nos dias seguintes tenta reservar logo as peças de que as suas clientes aprovaram, para que as possa incluir no leque de escolhas que serão, mais tarde, experimentadas e conjugadas com os acessórios e sapatos.

Bárbara Lourenço (styling Ricardo Aço) e Cláudia Vieira (styling Gabriela Pinheiro) na XXIII Gala dos Globos de Ouro. ( Pedro Rocha / Global Imagens )

Se um não quer, dois não dançam

Apesar da escolha de um look de passadeira vermelha ter a assinatura de um stylist este é um trabalho em que os gostos de quem está a ser vestida têm de estar presentes. “Eu gosto muito de preservar e melhorar o estilo das pessoas que visto. A verdade é que quando começo um trabalho de styling para uma celebridade nunca sei qual vai ser o resultado final, porque é uma soma do meu gosto com o gosto da pessoa que visto. Às vezes acontece as pessoas sugerirem juntar qualquer coisa ao look que selecionei e juntas decidirmos se é uma boa escolha ou não. Esses toques pessoais são importantes porque dão personalidade ao look”, descreve Gabriela Pinheiro.

João Silva tem uma experiência semelhante e garante que como “este é um trabalho muito pessoal as clientes acabam sempre por sugerir adicionar uma peça que têm. Isso acontece muito com os acessórios por exemplo.”

Tempo é dinheiro

Preparar uma celebridade para um grande evento começa muito antes da data: é preciso saber o que está disponível para cada cliente, fazer uma pré-seleção de roupa, afinar a escolha, fazer provas, acompanhar a celebridade na preparação da gala (muitas vezes os stylists dão também sugestões para o penteado e maquilhagens), e depois de tudo isto voltar a entregar não só a roupa que foi usada, mas todas as outras hipóteses que foram descartadas. Um trabalho que segundo João Silva se fosse feito todo de seguida, sem intervalos, duraria cerca de uma semana.

Este é um tipo de serviços com um preço que varia consoante a importância do evento, já que existem casos em que os looks podem ser mais simples e não é necessário ir buscar tanta roupa, ou fazer encomendas a marcas internacionais, mas também de acordo com o stylist. Gabriela Pinheiro cobra entre €200 e €500, Ricardo Aço entre os €100 e €300 e João Silva entre os €150 e os €400.

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