Finanças pessoais e o armário de especiarias estão mais ligados do que o que pensa

pexels-kristina-paukshtite-701801
[Fotografia: Pexels/Kristina Paukshitte]

“Imagina um armário de cozinha com todos os alimentos e temperos em frasquinhos etiquetados a dizer o que está lá dentro – é isso que tens de fazer com os teus gastos.” O primeiro passo é anotar tudo o que te custou algum valor em dinheiro, mesmo tudo. Anota o montante que levantaste para saber o quanto gastaste conforme o esperado. Uma dica antiga é escolher pagar com dinheiro. Nos dias atuais, fica muito mais fácil pagar digitalmente quando é só encostar o telemóvel e pronto. No entanto, ao sair de casa com um montante definido, sabe quanto pode gastar, quanto resta e quanto poupou.

Aquilo que muitos podem acreditar que já sabem fazer, mas ainda têm muito a melhorar, é como organizamos as nossas despesas. Segundo Andreia Melo e Tânia Matos, autoras do livro Escola de Finanças Pessoais [Editora Contraponto], o acesso à literacia financeira pode e deve ser alcançado por todos.

[Fotografia: DR]

No novo “armário de cozinha”, organize as despesas por categorias. A Escola de Finanças Pessoais sugere as seguintes três divisões:

Separar as despesas base. São as mais importantes para o dia a dia em comparação com as outras, as que devem ser priorizadas, como, por exemplo, despesas de alimentação, aluguer e carro.

Classificar as de lazer e bem-estar. Não são as despesas que vocacionadas para a sobrevivência, mas também não são as superficiais, por exemplo, se precisou de comprar ténis novos ou foi ao cinema.

Registar as outras despesas conhecidas como “despesas OMG” (Oh My God = Valha-me Deus!, em tradução literal). São os gastos imprevistos, aqueles que não acontecem regular ou mensalmente, como idas aos saldos, ao dentista, presentes para a melhor amiga, entre outros. Aqueles gastos que não contava e que, no fim do mês, que podem lhe fazer levar as mãos à cabeça.

“Poupa com inteligência nos tostões e terás milhões” é o que as autoras referem sobre a importância de saber como poupar dinheiro da forma correta para o bolso. Mas afinal, como pode poupar de forma mais inteligente? O necessário aqui é estabelecer objetivos tendo em conta questões como: É realista? O que quero concretamente? Por que é que este objetivo é importante para mim? E, por fim, em quanto tempo quero atingir este objetivo?

Mas atenção, “quero ir a Paris” não é um objetivo, é um sonho. O objetivo, nesse caso, teria de ser mais bem formulado e decidido estrategicamente, por exemplo, “Quero ir a Paris em setembro de 2025 e preciso de 1500 euros para tal. Para isso, preciso de ter um plano de poupança mensal estabelecido.” O que importa aqui é que cada euro conta, se poupa 100 euros no mês tem 1200 no bolso ao fim do ano, e 12 mil euros em dez anos.

A Escola de Finanças Pessoais, que conta com um prefácio escrito pelo jornalista especializado em finanças pessoais Pedro Andersson, oferece essas dicas e muitas outras. Escrito pelas criadoras do projeto “Contas em Dia”, que foi criado para a democratização da literacia financeira em Portugal, o livro de Andreia Melo e Tânia Matos aborda temas como dinheiro digital, para onde vão os impostos que pagamos, como descobrir e escolher o melhor banco, o que fazer para começar a investir, entre muitas outras recomendações para organizares a tua vida financeira de forma efetiva.

Eric Vianna