Macron reacende polémica dos ‘crops tops’: “A vontade de chocar não tem lugar na escola”

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[Fotografia: Ludovic Erin/Pool/EPA]

A polémica não é nova, mas está cada vez mais longe de estar moderada, sobretudo depois de o presidente da República francês Emanuel Macron se ter pronunciado polemicamente sobre o uso de crop tops (T-shirts mais curtas que mostram o umbigo e a zona abdominal) por parte das estudantes gaulesas nas escolas.

Em entrevista à revista feminina Elle, o chefe de Estado considerou – mediante a pergunta de como analisava o uso de crop tops na escola e por adolescentes, polémica que decorre desde setembro último – que esta moda pode não reunir consentimento em todos os espaços escolares.

O governante máximo terá abordado um eventual uso de “um traje decente obrigatório”, segundo cita o site francês Midi Libre. “A vontade de chocar não tem lugar na escola. Podemos levar em conta a parte da fantasia de um adolescente e ater-nos a certos princípios”, afirmou o Presidente, fazendo ressurgir a indignação mediante a possibilidade de intervenção no direito privado e na liberdade feminina.

Em França, o caso espoletou em setembro do ano passado e ganhou agora renovados decibéis com esta entrevista. E correspondentes respostas. O líder do movimento de esquerda França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon – que anunciou, em novembro do ano passado, a intenção de candidatura ao Eliseu pela terceira vez – foi dos primeiros a reagir à polémica. “Não percebi que fazia parte da competência do Presidente da República ou das suas funções o determinar o comprimento das T-shirts das raparigas. Iríamos gradualmente passar para uma polícia de roupas, algumas não suportando lenços e véus, outras o comprimento dos tops”, referiu.

Em setembro do ano passado, o ministro de Educação francês, Jean-Michel Blanquer, tinha clamado por um “traje republicano”, alegando que “não se vai para a escola como se vai para a praia ou para um bar”. Uma posição que obteve clara contestação à data levando até à criação do movimento #Monday14septembre, que combatia o sexismo em torno de definição de roupas para alunos franceses do segundo e terceiro ciclos nas escolas.

“As meninas decidiram espontaneamente em toda a França usar saias, decotes, tops curtos ou maquilhagem para afirmar a liberdade face de julgamentos e atos sexistas. Como mãe, apoio com fraternidade e admiração”, escreveu à data a secretaria de Estado para a Igualdade, Marlène Schiappa.

A moda, sobretudo importada dos Estados Unidos da América e que começou a ganhar adeptos ainda nos anos 80 do século passado, foi sendo sucessivamente recuperada por estrelas diversas como Madonna ou Spice Girls. Tem voltado com alguma cadência, até que se tem imposto nos últimos verões, com múltiplas opções disponíveis no mercado.