Menopausa “não é o fim do prazer sexual”, afirma psicóloga

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[Fotografia: Pexels/Cottonbro Studio]

“O discurso da menopausa como um conjunto de perdas que representa o fim, está ligado ao modelo reprodutivo do sexo, que marginaliza as sexualidades não reprodutivas”, afirma Ana Carvalheira. A psicóloga lembra que a chegada deste processo biológico à vida da mulher representa “o fim da capacidade reprodutiva”. Porém, sublinha, “não é o fim do prazer sexual. Isto tem de ser esclarecido para abandonar a narrativa de horror associada à menopausa”, pede a especialista citada em comunicado que analisa um estudo feito junto de 500 mulheres portuguesas com mais de 45 anos e a propósito do dia Mundial da Menopausa, que se celebra esta quarta-feira, 18 de outubro.

Para a especialista, “a menopausa pode ser vista como uma libertação e um conjunto de oportunidades, mas temos que nos livrar dum conjunto de falsas crenças e cada mulher precisa de se apropriar da sua sexualidade como algo que é seu por direito”.

De acordo com aquele estudo feito em território nacional, os preconceitos e tabus estão patentes em todos os segmentos da vida – social, profissional, sexual e individual e de autoimagem – com mais de metade das inquiridas (56%) a revelar que sente discriminação associada à idade, no geral, e 65% associada especificamente à menopausa.

2/3 das mulheres preocupadas com menopausa em antecipação

Das “64% das inquiridas que ainda não está na menopausa, a maior parte já se preocupa com eventuais sintomas na sua saúde (67%), na autoestima (46%) e na vida amorosa/sexual (46%); principalmente com o aumento de peso (62%), as mudanças de humor (49%), os problemas com a sexualidade (46%), os problemas ósseos (45%) e com os afrontamentos (44%)”, refere nota do estudo enviada à imprensa.

Na análise feita pela marca de produtos íntimos Intimina, “oito em cada dez mulheres (84%) considera que a sociedade subestima ou ignora os sintomas e os desafios associados à menopausa e 36% que as mulheres não se sentem apoiadas por familiares e amigos nesta fase, exceto se forem igualmente pessoas que também estejam na menopausa. Ainda que apenas um terço (35%) confesse que já se sentiu discriminada em relação à idade, a maioria das entrevistadas (62%) já presenciou situações com outras pessoas na menopausa, principalmente em contexto social (48%), no local de trabalho (37%) e nas relações amorosas (35%)”.

“Na nossa sociedade, a menopausa é vista como uma vilã, que estará à espera de todas as mulheres, em alguma altura das suas vidas. Mudar este mindset é essencial, para a menopausa ser sentida como um processo natural que vão experienciar. Quanto mais informação a mulher tiver sobre o tema, menor será o seu impacto negativo”, afirma fisioterapeuta especialista em pavimento pélvico Ana Miguel, citada em comunicado.

22% já ponderou pedir licença, demitir-se ou mudar de profissão

A vivência da menopausa no local de trabalho é espaço de preconceito. Mais de 1/3 das inquiridas que está a viver a menopausa, “43% revela que já sentiu, ou sente, discriminação se estiver a experienciar alguns sintomas da menopausa”, lê-se no comunicado.

Pelo contrário, 23% diz nunca ter sentido esse olhar de lado, porém também admite disfarçar os sintomas. Certo é que “22% já ponderou, inclusive, alterar a sua situação profissional devido aos sintomas da menopausa, tais como pedir uma licença sem vencimento, trocar de profissão, pedir a reforma antecipada ou, até mesmo, a demissão”, refere a mesma análise.

Para contrariar estas vontades, as inquiridas pediram maior compreensão emocional e tolerância (58%), melhores condições de espaço no local de trabalho e um modelo de trabalho híbrido, home-office ou flexibilização do horário 42%) e mais apoio psicológico (cerca de 1/3 das inquiridas).