Por cada dois pedidos de ajuda, só um é que chega agregado a queixa ou denúncia. Segundo os dados publicados pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) a propósito do dia Internacional da Pessoa Idosa, que se assinala este domingo, 1 de outubro, a plataforma diz ter apoiado, em 2021 e 2022, “um total de 3122 pessoas idosas vítimas de crime e de violência, tendo ocorrido um decréscimo de 4,1% entre 2021 e 2022”, refere o comunicado.
Olhando o relatório ao detalhe, 49,8% dos pedidos de apoio não chegam com denúncia ou queixa oficial, sendo a casa (em 50,6% dos casos) o palco mais comum da violência, num exercício continuado.
As mulheres são a principais vítimas desta violência, três em cada quatro casos, e têm “idades compreendidas entre os 65 e os 74 anos (49,3%)”, detalha o estudo. “Já o autor do crime é em cerca de 52,7% das situações do sexo masculino e com uma média de idades acima dos 65 (17%). Em 29,1% dos casos, a vítima é pai ou mãe do autor do crime”, avança o comunicado.
Já em 2018, a APAV reportava esta realidade e revelava que já existiam mães que ligavam para a estrutura de apoio para tentarem evitar agressões dos filhos.
Também já nessa altura começava a emergir outro fenómeno: “Muitas vezes, os próprios cuidadores informais estão em situação de stress e completo burn out e, não raras vezes, recebemos telefonemas na APAV de mulheres que já não aguentam mais. Há cuidadoras que nos ligam porque sentem que estão no limite de cometer uma asneira”, denuncia.
Realidades que, mais tarde ou mais cedo, podem vir a revelar-se um verdadeiro horror já que o envelhecimento e o número de cuidadores informais continua a aumentar. “Os filhos sentem que são, de alguma forma, intocáveis porque não vão ser denunciados pelos pais”, avisa Cotrim.