Metade dos jovens viu pornografia online aos 13 anos. Violência sexual está a ser naturalizada

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[Fotografia: Pexels/Pixabay]

Billie Eilish revelou que começou a ver pornografia aos 11 anos e que tal teve um impacto profundamente negativo na sua vida. “Eu costumava ver muita pornografia, para ser honesta. Comecei a ver quanto tinha 11”, contou em entrevista em dezembro de 2021.

“Como mulher, a pornografia é uma desgraça”, revelou à data no programa The Howard Stern Show, na plataforma SiriusXM. “Pensava que, ao fazê-lo [com aquela idade] era cool e não teria problemas com isso. Mas creio que, realmente, destruiu o meu cérebro”, afirmou. “Sinto-me incrivelmente devastada por ter visto tanta pornografia, tive problemas de sono, pesadelos.”

Agora um estudo inglês traz luz sobre a pornografia online e os jovens e os efeitos na violência sexual que é apreendida e replicada pelos adolescentes. “A análise evidencia a necessidade urgente de proteger as crianças dos malefícios da pornografia online“, afirmou a comissária para a Infância e também dirigente de um órgão público que protege os direitos das crianças no Reino Unido. “Preocupo-me profundamente com a normalização da violência sexual na pornografia online e no papel que ela desempenha na formação da sexualidade e dos relacionamentos das crianças”, referiu Rachel de Souza.

Segundo a pesquisa agora divulgada e realizada junto de mil adolescentes em Inglaterra entre novembro e janeiro, um em cada dez jovens assumiu ter visto pornografia aos nove anos de idade, e um em cada dois, aos 13 anos.

Antes dos 18, quase oito em cada dez jovens viram pornografia violenta, envolvendo atos sexuais coercivos, degradantes, ou dolorosos, destaca o relatório, alertando que “os usuários frequentes de pornografia têm maior probabilidade de se envolver em atos sexuais fisicamente agressivos”.

A partir destes dados, perto de metade (47% das pessoas entrevistadas) acredita que as raparigas “esperam” que as relações sexuais envolvam agressões físicas. Já quatro em cada dez entrevistados (42%) acha que a maioria delas “gosta” destes atos.

Quase 40% dos jovens de 16 a 21 anos afirma ter encontrado pornografia nas redes sociais por acidente, porém, metade dos entrevistados (58% meninos e 42% meninas) diz ter procurado por conta própria na Internet. O Twitter é a principal plataforma citada, com 41%, seguida dos sites pornográficos (37%), Instagram (33%), Snapchat (32%) e motores de busca (30%).

Quase um em cada dois jovens de 18 a 21 anos já sofreu algum ato sexual violento definido como agressivo, coercivo ou degradante. Segundo o relatório, “as meninas são muito mais propensas a serem vítimas do que os meninos”.”Representações de degradação, coerção sexual, agressão e exploração são comuns e dirigidas de forma desproporcional às adolescentes”, alertou De Souza. “Nunca me vou esquecer de uma menina que me falou do primeiro beijo com o namorado, de 12 anos, e que a estrangulou. Ele viu a prática em filmes pornográficos e pensou que fosse normal”, completou.

Com AFP