Música de apoio a iranianas leva cantor a ser condenado a prisão e chicotadas

Mehdi Yarrahi Roosarito
[Fotografia: Instagram/ Mehdi Yarrahi]

Um tribunal iraniano condenou o cantor Mehdi Yarrahi a dois anos e oito meses de prisão e a 74 chicotadas, por publicar uma canção de apoio aos protestos e onde apela às mulheres para retirarem os véus.

“Mehdi Yarrahi, foi condenado a dois anos e oito meses de prisão e 74 chicotadas, de acordo com a sentença do Tribunal Revolucionário de Teerão”, adiantou hoje Zahra Minuei, uma das advogadas do artista, através da rede social X.

Minuei indicou que o cantor está atualmente em liberdade sob fiança de cerca de 275 mil euros e pode cumprir pelo menos um ano de prisão. “Eu sou livre e este é o meu sangue. Não duvides do meu caminho, da tua fé”, referiu, por sua vez, Yarrahi, numa publicação no X logo após o anúncio da sentença.

O músico foi detido no final de agosto pela “publicação de uma canção ilegal que desafia os costumes e a moral de uma sociedade islâmica”, de acordo com a Mizan, uma agência de notícias pertencente ao poder judicial.

A detenção ocorreu três dias depois de ter publicado a canção “Roosarito”, que significa “o seu véu” em persa, na qual apela às mulheres iranianas para que retirem o ‘hijab’ e manifesta o seu apoio aos protestos antigovernamentais que abalaram o país em 2022, depois da morte de Mahsa Amini.

 

View this post on Instagram

 

A post shared by Mehdi Yarrahi | مهدی یراحی (@mehdiyarrahi)

“O véu opcional é apenas uma das sérias exigências do povo oprimido do Irão, que sacrificou muitas vidas preciosas para alcançar a liberdade e a democracia”, pode ler-se antes do início de um vídeo de quase quatro minutos, publicou pelo artista.

No vídeo, mulheres aparecem a dançar sem véu e na música “mulher, vida, liberdade”, soa o lema dos protestos.

O popular músico lançou a música duas semanas antes do aniversário da morte de Mahsa Amini, após ter sido detida pela polícia da moralidade em setembro de 2022, incidente que desencadeou um protesto sem precedentes – e violentamente reprimido – no Irão e o nascimento do movimento Mulher, Vida, Liberdade.

A forte repressão aos protestos causaram pelo menos 500 mortes e milhares de detenções, sendo que oito manifestantes foram executados, um destes em público.

LUSA