Publicidade Continue a leitura a seguir

‘Ponto do marido’: prazer ou prisão?

Percorra a galeria de imagens para saber se tem hábitos que podem estar a prejudicar a sua saúde vaginal. [Imagens: Shutterstock]
Utilizar roupa íntima errada :Ppeças feitas de cetim, seda, lycra ou renda podem ser muito bonitas, mas acabam por dificultar a respiração da pele na zona vaginal, provocando não só irritação como também infeções. Em prol da saúde, o melhor é optar por roupas íntimas feitas de algodão (estas permitem a passagem de ar mais facilmente).
Dormir com roupa que impede a pele de respirar: Optar por um camisa de dormir comprida ou abdicar da roupa interior dormindo apenas com uns calções largos e uma T-shirt são algumas das soluções. Sobretudo no verão, altura em que está mais calor e tendemos a suar mais (mesmo durante a noite). Se cumprir o recomendado, a zona vaginal vai poder restabelecer o pH normal, mantendo os níveis da flora vaginal estabilizados.
Fazer a depilação total da zona íntima: Os pelos púbicos existem para proteger a vagina, servindo de barreira a diversas bactérias. Retirá-los por completo faz com que essa zona fique mais exposta, facilitando o aparecimento de infeções. O melhor, para quem não gosta da presença de pelos na zona íntima, é apará-los regularmente, mantendo uma pequena barreira protetora.
Continuar com a mesma roupa íntima depois de praticar exercício físico: Todo o corpo transpira e, por isso, mudar de roupa é fundamental, inclusive a interior. Mesmo que utilize peças de algodão, também estas ficam suadas. Após o treino, é fundamental proceder à higiene da zona vaginal e vestir roupa íntima lavada. Desta forma vai evitar o aparecimento de excesso de humidade nessa área, prevenindo o aparecimento de infeções fúngicas.
Permanecer com o fato de banho ou o biquíni molhado durante várias horas: Tal como a roupa de ginásio, também a que é usada para ir a banhos pode trazer complicações à saúde vaginal. Tudo devido à humanidade. Esta é propícia ao aparecimento de fungos na zona vaginal, promovendo o aparecimento de infeções. Para quem pratica natação, o melhor é ter sempre uma muda de roupa e evitar permanecer com a peça molhada. No caso das idas à praia, é importante que a roupa vá secando entre cada mergulho e que seja mudada caso não seque antes do regresso a casa.
Ignorar infeções fúngicas persistentes: Fingir que está tudo bem quando existem desconforto ou sinais de infeção,não é solução. É importante consultar um ginecologista e perceber que alterações estão a acontecer a nível da flora vaginal para que não se desenvolvam outras complicações.
Fazer a higiene apenas por fora, ou seja, na vulva: Sim, é importante lavar os lábios externos, mas a higiene não deve ficar por aí. Perca mais uns segundos e trate da saúde da vagina com a ajuda de muita água e de produtos próprios (se necessário e caso tenham sido aconselhados pelo ginecologista).
Utilizar qualquer sabão para fazer a higiene vaginal : É preciso ter cuidado com os produtos aplicados na zona da vagina, pois trata-se de uma área sensível. “Há mulheres que utilizam apenas água, sem sabonete, porque esta substância seca a pele, tal como acontece na cara”, explica ao Delas.pt a ginecologista e obstetra Maria do Céu Santo. Compostos por corantes, aromas e outros ingredientes, muitos dos produtos podem eliminar bactérias saudáveis e o normal equilíbrio do pH, promovendo o aparecimento de infeções. Com capacidade para se auto-limpar, o canal vaginal expulsa, naturalmente, toxinas e bactérias prejudiciais ao organismo. Uma boa higiene, segundo a ginecologista, faz-se com muita água e o uso de “produtos neutros para que o pH normal do órgão genital não seja modificado”, caso necessário.

Publicidade Continue a leitura a seguir

O parto normal provoca profundas alterações nos órgãos genitais femininos e não são raras as vezes que existe um pequeno corte na zona da vulva para facilitar a saída do bebé. Uma solução controlada que evita, frequentemente, a margem para rasgões: mais imprevisíveis, mais arriscados e de recuperação mais difícil.

Quer num caso, quer noutro, a necessidade de haver pontos é inultrapassável, dando lugar a um final, que ganhou a expressão popular de ‘ponto do marido’. “Falamos do ponto extra dado nas episiotomias (incisão cirúrgica feita nos tecidos que circundam a vulva), que era uma forma de a vagina da mulher ficar mais apertada, dando assim mais prazer ao companheiro”, explica Soraia Coelho. Para a especialista em reabilitação pélvica e urinoginecologica há dez anos, esta prática “infelizmente ainda existe e é muito comum”.

Sexóloga Vânia Beliz [Fotografia: Artur Machado/Global Imagens]
Sem descurar a importância do prazer sexual, sobretudo depois de um processo tão dramático como um parto, a sexóloga Vânia Beliz considera que “este recurso não deve ser incentivado” porque, muitas vezes, “não traz gratificação para a mulher”. Sublinha até que “há muitos grupos feministas que consideram a prática uma violência contra as mulheres”.

Posicionando-se completamente contra esta solução, “o ponto vai fechar a entrada da vagina, o que na maior parte das vezes provoca dor e desconforto”. “Com a entrada da vagina mais apertada, isso não vai provocar mais prazer na mulher”, refere.

Beliz prefere antes falar alternativas esta escolha. “Há bolas vaginais, há fisioterapia para as disfunções sexuais femininas e para toda a zona do pavimento pélvico que podem e devem ser trabalhadas”.

Soraia Coelho alinha por esta opção. A terapeuta refere que “é preciso ver o porquê da lassidão vaginal, se se deve a uma fraqueza da musculatura do pavimento pélvico. Se se deve a um parto traumático para os órgãos, é preciso ver o que está a acontecer”. E lembra mesmo que a “cirurgia não é a primeira opção nestes casos”. A reabilitação do pavimento pélvico deve surgir numa primeira fase, e “só se esta falhar, é que se deve recorrer a cirurgia”.

Cirurgião plástico Luiz Toledo [Fotografia: Filipe Amorim/Global Imagens]

E que procedimentos cirúrgicos existem? Luiz Toledo, médico cirurgião plástico, fala em “apertamento da vagina”, que “deve ser feita a nível de toda a parede vaginal, consertando todos os músculos dessa estrutura”.

Quanto às mulheres que tiveram filhos por cesariana, “os únicos problemas podem decorrer do envelhecimento”. “Não havendo um bebé por parto normal, a vagina vai estar mais preservada, há apenas a questão do envelhecimento, sobretudo, da região dos grandes lábios, perdendo um pouco da gordura vaginal”, refere o especialista.

Na galeria acima veja os hábitos que deve evitar e que prejudicam a sua saúde vaginal.

Imagem de destaque: Shutterstock

Envelhecimento vaginal? Saiba como combater

Cesarianas ganham “proporções epidémicas” em Portugal