Sinais de uma relação tóxica que se notam no Dia dos Namorados

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[Fotografia: Kelly Sikkema/unsplash]

O dia dos Namorados está a porta, chega na segunda-feira, a 14 de fevereiro, e é tempo de celebrar o amor. E se o afeto e paixão são as marcas que se pretendem evocar num dia como este, a verdade é que estas ocasiões arriscam-se a a ser palco de momentos nem sempre idealizados.

Das expectativas ao esforço ou, pelo contrário, à negligência, estes dias festivos podem, sem querer, por em evidência detalhes de um relação que pode não estar assim de tão boa saúde.

E se não faltam conselhos para celebrar o amor ou para o reabilitar em momentos evocativos ou não, também não podem ficar por notar pequenos gestos e atitudes de que algo não está bem e que exige intervenção imediata.

A sexóloga Tânia Graça e a terapeuta familiar Ana Marques Lito fazem uma radiografia mais geral às relações e, ao Delas.pt, elencam atitudes e detalhes que denunciam toxidade numa relação, sobretudo quando ela ainda é feita entre beijos, abraços, jantares e noites românticos e troca de presentes.

Dos preparativos aos momentos a dois, passado pelo dia seguinte, conheça as “armadilhas” do amor e saiba como as identificar e como deve reagir. Tudo isto, salvaguardando que cada caso é único e que não dispensa de uma análise mais concreta.

Para Tânia Graça, há três detalhes a que se deve estar esprcialmente atenta num dia de festa como este. “Tentar controlar o que se leva vestido no jantar”, começa por enunciar a sexóloga. E prossegue: “Este é um sinal que provavelmente já se terá manifestado antes mas que também nesta noite poderá estar presente. Comentários depreciativos sobre a roupa que escolheste ou insinuações como ‘Estás a querer chamar a atenção de quem?’ ou ‘Não quero andar na rua e os homens todos a olhar para ti’ são sinais de alerta.”

Num segundo ponto, a especialista fala da humilhação. “E aqui poderia acontecer em relação ao que se tem vestido, à forma de falar com as pessoas com quem se cruzarem nesse dia (empregados, por exemplo), às ideias e crenças que tem”, refere. “Humilhar-te é uma forma de te diminuir e destruir a tua autoestima, para que seja também mais fácil pôr em prática os outros dois tipos de abusos”, avisa Tânia Graça.

Num terceiro nível e muito preocupante: manipulação para que se tenham relações sexuais. “Este dia pode ser só mais uma desculpa para pressionar a ter relações sem que queiras. Claro que, haver uma surpresa para estimular o desejo, ou uma manifestação de vontade de que aconteça, não necessariamente é um comportamento abusivo. Mas frases como ‘Hoje já sabes, vai ter que ser!’ ou ‘A sério que nem hoje me vais fazer a vontade?’ podem indiciar manipulação e coação”, alerta a sexóloga.

Ana Marques Lito põe em evidência a gestão e eventual desfasamento de expectativas, salvaguardando, desde já, que os indícios que evoca devem ser lidos com cautela. “É preciso termos a noção que a ressonância da intimidade e privacidade conjugal pode ser completamente indecifrável”.

E de volta ao sinais, a especialista vinca: “A forma de olhar o momento, ao dia em si e esperar a existência dessa mesma efeméride para que haja uma trégua no distanciamento no casal pode ser um indicador.” A terapeuta alerta ainda para a importância de identificar se “há um elemento do casal a conferir uma atenção extraordinariamente detalhada ao companheiro neste dia festivo, como uma espécie de hipervigilância, acusando-o de estar ou não atento ao momento”. Algo como, sugere a especialista, ‘Hoje é o dia dos Namorados e nem olhaste para mim’.

O envolvimento de terceiros – em particular dos filhos – em momentos que devem ocorrer no plano a dois também pode constitui um sinal de alerta. “Há casais que, inconscientemente, podem introduzir o dia dos Namorados através dos filhos e na expectativa que o companheiro ou companheira se lembre dos afetos. É uma tentativa de que a relação já não está tão bem quanto isso e contamina-se o agregado, uma ‘estratégia de sobrevivência’”, alerta a terapeuta.

Marques Lito alerta ainda para um terceiro sinal e que chega, usualmente, no dia seguinte à efeméride. “Quando um dos elementos conclui e acusa insistentemente o outro, diante do dia já passado, de que já não se consegue namorar”. Por isso, lembra a terapeuta de família, que “um sinal de vitalidade da relação é haver a efeméride e evocar-se, de parte a parte, a lembrança de que tem sido uma boa opção estar com a outra pessoa”. “É importante valorizar a relação que se tem”, sublinha.