Uma Thurman revela que fez um aborto na adolescência

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[Fotografia: EPA/JULIEN WARNAND]

A revelação chega a propósito da luta contra as restrições legais em torno do aborto que estão a ter lugar no Texas. A atriz, de 51 anos, escreveu uma carta aberta publicada no jornal Washington Post posicionando-se sobre a matéria e a revelar que ela mesma fez um aborto na adolescência, o que configura, como a própria escreveu, “o segredo mais sombrio até hoje”. Thurman revelou que engravidou de “um homem muito mais velho” numa altura em que estava na Europa e longe da família. Tudo isto ainda durante o período de adolescência.

“O aborto na adolescência foi a decisão mais difícil da minha vida, angustiava-me e ainda hoje me entristece, mas foi o caminho para uma vida cheia de alegria e amor. Escolher não prosseguir com aquela gravidez ainda em fase inicial permitiu-me crescer e tornar-me a mãe que queria e precisava de ser”, revela agora a atriz. Ainda recordando o momento pelo qual passou, a atriz conta que queria ficar com o bebé, mas não tinha como, pelo que foi decidido, “como uma família”, não prosseguir com a gravidez.

Uma Thurman, hoje mãe de três – tendo o mais velho nascido em 1998 -, revela que se submeteu à intervenção na Alemanha e descreveu com detalhe todo o processo em que a atriz fala de dor. Fala neste episódio agora com o objetivo de trazer luz a algumas mulheres e raparigas que possam estar a atravessar situações similares ou que “sintam vergonha por não se conseguirem proteger a elas próprias”.

“A todas as mulheres indignadas por terem os direitos sobre os seus corpos assumidos pelo Estado, e a todas vós que se tornaram vulneráveis e sujeitas à vergonha por terem um útero, digo-vos: estou convosco. Tenham coragem”, escreveu.

O que diz a lei texana

É, neste momento, a medida mais restritiva em solo norte-americano e vem proibir o aborto logo a partir das seis semanas, uma fase em que a maioria das mulheres muitas vezes ainda não sabe se está grávida. O mesmo diploma exclui da possibilidade de aborto conceções que tenham sido fruto de violações ou incestos e define uma sanção de dez mil dólares (cerca de oito mil euros) a aplicar a todos os que ajudarem uma mulher a interromper voluntariamente a gravidez.

Para Uma Thurman, estas medidas “assemelham-se ao horror”, configurando um “palco para uma crise de direitos humanos para as mulheres norte-americanas”. E acrescenta: “Esta lei é mais uma ferramenta discriminatória contra aquelas que estão em desvantagem económica e, muitas vezes, de facto, contra os seus parceiros.