Enquanto nos Estados Unidos da América decorrem as votações para decidir quem vai ocupar o cargo de Presidente do país, na Web Summit, em Lisboa, ouviu-se a explicação do representante legal do fundador da Wikileaks, Julian Assange, sobre a divulgação dos emails de Hillary Clinton.
Juan Branco afirmou que foi o “interesse público” que levou a organização multinacional, que se dedica a publicar e interpretar documentos confidenciais de governos e corporações, a decidir revelar, nos últimos meses, mais de 30 mil ‘emails’ da candidata democrata, de um servidor privado que esta utilizou quando exerceu o cargo de secretária de Estado, bem como cerca de 20.000 mensagens de correio eletrónico enviadas e recebidas por membros do Comité Nacional Democrata.
“Era impossível guardar esta informação até depois das eleições, por razões óbvias”, defendeu Juan Branco considerando que Julian Assange “fez o que qualquer jornalista faria: publicar informação que tinha em sua posse, para que as pessoas pudessem tomar uma decisão informada”.
Depois da sua intervenção na cimeira, o representante legal da organização partilhou uma mensagem escrita de Julian Assange sobre as razões que levaram a divulgar aqueles ficheiros.
Na mensagem, o fundador da Wikileaks começa por dizer que tanto ele como a organização, no geral, estiveram sobre “grande pressão para parar de publicar” a informação relacionada com a campanha de Hillary Clinton. “Essa pressão veio de apoiantes, incluindo a administração Obama, e de liberais ansiosos sobre quem vai ser eleito Presidente dos Estados Unidos da América”, explicita.
O jornalista e programador informático de 45 anos, que está refugiado na embaixada do Equador em Londres, desde junho de 2012, sustenta, tal como o seu representante fez no evento, que “o direito de receber e partilhar informação verdadeira é o princípio que guia a Wikileaks”, uma organização que “defende o direito do público a ser informado”.
“É por isto que, independentemente, do resultado das Presidenciais Americanas de 2016, a verdadeira vencedor é o publico americano, que está melhor informado devido ao nosso trabalho”, refere.
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Julian Assange recorda que a organização divulga material que lhe é enviado “se for de importância política, diplomática, histórica ou étnica e se não tiver sido publicado anteriormente”.
“Quando temos material que preenche estes critérios, publicamos. Por outro lado, não podemos publicar o que não temos. Até hoje, não recebemos informação sobre a campanha de Donald Trump, de Jill Stein, de Gary Johnson ou de qualquer outro candidato, que preencha os nossos anteriormente citados critérios editoriais”, prossegue.
Assange garante que a divulgação, nos últimos meses, de mais de 30 mil ‘e-mails’ da candidata à presidência da república norte-americana Hillary Clinton de um servidor privado que esta utilizou quando exerceu o cargo de secretária de Estado, “não aconteceu devido a um desejo pessoal de influenciar o resultado das eleições”.
O fundador da Wikileaks defende que “guardar as informações até depois das eleições teria significado favorecer um dos candidatos, mais do que o direito do público a saber”.
A Wikileaks, “como todos os editores, em última instância responde perante os seus financiadores”. “Esses financiadores são vocês. Os nossos recursos são contribuições do público ou resultado das vendas dos nossos livros. Isto permite-nos termos princpios, sermos independentes e sermos livres, de uma maneira como mais nenhum órgão de comunicação social influente é”, conclui.
Os resultados do ato eleitoral americano deverão ser conhecidos ao início da manhã de quarta-feira (hora de Portugal). Entretanto, Hillary Clinton e Donald Trump já exerceram o seu direito de voto, tendo ambos votado em Nova Iorque.
Imagem de destaque: Lucas Jackson/Reuters