Ansiedade financeira: reconheça os sintomas e saiba como ‘tentar escapar’

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[Fotografia: Pexels/Anna Shvets]

Tentar combater a crise nacional e mundial é uma luta que escapa ao alcance de todos, por isso procurar fugir da frustração e do gasto de energia emocional deve ser um caminho a tomar. O problema é que lidar com a falta de dinheiro no dia-a-dia e em família tem muito de lógico, mas também de irracional, de medo. Daí a ansiedade financeira.

Ao Delas.pt, a psicóloga e coach psicóloga Teresa Feijão alerta para os perigos de mergulhar nesta espiral que decorre do aumento do custo de vida, da inflação, das subidas da taxa de juro e do desespero.

“A crise, a redução de rendimentos, a gestão financeira e o incumprimento podem arrastar as pessoas para uma roleta russa com consequências que comportam sintomas físicos e emocionais”, alerta a especialista. Entre as primeiras, Teresa Feijão fala em “taquicardias, dores de cabeça, problemas gastrointestinais com diarreia, perda ou aumento de peso, falta de ar e sintomas quase associados ao pânico“. Já sobre as sequelas emocionais, a psicóloga alerta para sinais como “as perturbações do sono, cansaço constante, irritabilidade, perda de memória, dificuldades de concentração”.

Sintomas muito associados com a ansiedade em geral, mas que são agora agudizados pelas restrições financeiras que se sentem diariamente. Contudo, há uma consequência desta tipologia de perturbação que dever fazer soar campainhas: “o isolamento”. “Estas pessoas tendem muito para se refugiarem em termos comportamentais. Por uma questão de atitude, têm vergonha da situação em que se encontram, tendem a não partilhar tanto o seu caso. Ora, sabemos depois que este isolamento pode conduzir a riscos grandes de depressão”, vinca a especialista. Nas classes mais altas, que perdem nível de vida a que estão habituadas, teme pelo consumo de substâncias.

E se é difícil dizer que não se dispõe de recursos financeiros ou que se está em crise, sair de casa torna-se ainda mais pesado, afinal, não será fácil aceitar um convite e despender o pouco dinheiro que se tem.

Psicóloga e coach psicóloga Teresa Feijão [Fotografia: DR]

Uma solidão crescente que é preciso interromper e contrariar porque, afinal, como refere Teresa Feijão, “ao partilhar, aumentamos a probabilidade de até termos alguém ao nosso lado que nos pode ajudar a dar dicas, a ajudar na renegociação créditos, empréstimos”.

O que fazer então?

“É preciso procurar estratégias racionais, realistas, temos de considerar os vários extremos de condições económicas”, pede a psicóloga. “Sem sombra de dúvida que é necessário mudar mentalidades relativamente a gastos e a gestão financeira”, adverte, acrescentando: “deve-se manter o foco em metas mais atingíveis em termos de orçamento familiar e atenção ao nosso eu.”

Para conseguir ser proativo, Teresa Feijão lembra a importância da internet, “que está recheada de dicas sobre como gerir melhor as finanças domésticas”. Contudo, mediante a ansiedade, não basta ir estudar mais. É relevante fazer um trabalho individual e com conta, peso e medida.

“É importante prática de atividade física para combater este estado, e não tem de incluir gastos porque nem toda a gente tem dinheiro para personal trainers, ginásios”, contemporiza. Ficar quieto, porém, não é solução. “Fazer caminhadas, treinar em casa, cumprir treinos gratuitos disponíveis na net, todas elas são estratégias que permitem reduzir a ansiedade e conseguem levar as pessoas a tomarem decisões mais conscientes”, sublinha Teresa Feijão, que lembra o papel do autocuidado e de uma alimentação saudável em processos desta natureza.

Um processo que, ainda assim, não se esgota individualmente. Como alerta a psicóloga, é preciso olhar para estes problemas em casal e como imprimir atitudes positivas nos filhos. “As crianças devem aprender desde muito cedo a dar valor o dinheiro, faz parte da literacia financeira”, refere.

Já no agregado, Teresa Feijão recorda que “a parte financeira dá origem a muitas discussões em casal, é preciso tentar encontrar um plano de entreajuda. Afinal, o equilíbrio começa entre quatro paredes.”