Carta aberta: 130 coletivos e especialistas apoiam Amber Heard

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Amber Heard e Johnny Depp [Fotografia: Montagem Daniel LEAL and Tiziana FABI / AFP]

Um dos mais mediáticos de sempre, o julgamento por violência doméstica e difamação que pôs os atores Amber Heard e Johnny Depp está longe de terminar na sentença. Mais de cinco meses após o veredicto, que decidiu favoravelmente pelo ator, foi publicada uma carta aberta que junta a voz de 130 coletivos e especialistas – incluindo representantes de organizações de direitos das mulheres norte-americanas influentes – e que vem apoiar publicamente Heard.

Entre as subscritoras, destaque para a escritora, jornalista e uma das mais ativistas Gloria Steinem. Mas contam-se também entidades como a Organização Nacional das Mulheres, o Centro Nacional Legislativo das Mulheres, o Equality Now e a Fundação da Marcha das Mulheres.

O documento foi escrito por sobreviventes de violência doméstica que condenam a maneira como Amber Heard foi publicamente humilhada”, vincando que houve “uma incompreensão fundamental da violência conjugal e a sexual e de como as sobreviventes respondem a essas situações”.

As ativistas tomam, por isso e agora, a dianteira e lamentam o silêncio que organizações como o #MeToo optaram por ter, criando um clima de medo. “Elas veem o ambiente que tal criou e sentem-se ainda menos seguras do que antes para denunciar e falar dos abusos que sofreram”, explicou à NBC a conselheira sénior de educação e justiça no local de trabalho do National Women’s Law Center, Elizabeth Tang.

Difamação como arma para responder a acusação de violência

A mesma carta sublinha o “aumento de uso indevido” de processos de difamação como forma de reação e silenciamento de vítimas de abuso sexual e violência contra a mulher.

Também a dupla vitimização patente neste tipo de processos, e neste em particular, foi veiculada lembrando que todo o processo foi marcado por “desinformação, misoginia, bifobia e ambientes digitais monetizados em que as acusações de violência doméstica feitas por uma mulher foram gozadas por entretenimento puro entretenimento”.

Na mesma carta aberta – que pode ser lida no original aqui – apontam para “as consequências nefastas da difusão de toda esta desinformação serem incalculáveis”.

Os milhões da sentença

Em junho deste ano, o júri do tribunal do Condado de Fairfax, na Virgínia, nos Estados Unidos da América, condenou a atriz Amber Heard por difamação contra Johnny Depp.

O coletivo, após horas de deliberação, considerou que o texto em que se apresentou vítima de violência doméstica e sexual por parte do ator de Os Piratas das Caraíbas tinha conteúdo difamatório.

Porém, indemnizações ficam à quem dos milhões exigidos e foram fixados em 15 milhões de dólares (13,9 milhões de euros) por danos punitivos e compensatórios.

Johnny Depp também terá de pagar. O ator irá desembolsar dois milhões de dólares (1,9 milhões de euros) a Amber Heard por difamação.

“Destroçada”, “desiludida”, “recuo” no que aos direitos das mulheres diz respeito. Foram com estas palavras que a atriz Amber Heard reagiu à condenação por difamação. Johnny Depp afirmou que “o júri lhe devolveu a vida” que perdeu há seis anos, quando o caso eclodiu.