CIG condena a ataque à imagem corporal de Maria e Cristina

Cristina Maria
Cristina Ferreira e Maria Botelho Moniz [Fotografia: Instagram]

Ao contrário do regulador dos Media, que já reportou ter recebido uma queixa após o ataque à imagem do corpo de Maria Botelho Moniz e de Cristina Ferreira, a Comissão para a Igualdade e Cidadania revela à Delas.pt não ter recebido nenhum reporte sobre as críticas, mas a entidade condena esta terça-feira, 4 de abril, com veemência o que foi escrito numa crónica assinada pelo jornalista Alexandre Pais. “Constata-se que continua a singrar na sociedade portuguesa o domínio de ideias sexistas que seguem a objetificar o corpo feminino, de uma forma básica e preconceituosa”, refere a CIG em resposta por escrito.

Uma posição que se agrava quando uma plataforma reproduz posições dessa natureza. “Tal é tão mais grave quando acontece no âmbito de artigos jornalísticos e em publicações em órgão de comunicação social, dada a propagação de opiniões machistas e patriarcais que tal propicia”, refere.

Na mesma nota, este serviço da administração pública central do Estado que tem por missão principal a promoção da cidadania, igualdade e não discriminação e executora principal das políticas públicas lembra que, “efetivamente, as mulheres são muito mais escrutinadas socialmente na sua aparência do que os homens, e isto acontece independentemente da área profissional em causa, quer seja no mundo artístico, da comunicação social ou na politica”. E prossegue: “Nunca ouvimos ou lemos peças jornalísticas em que se ataque a “falta de beleza” de determinado homem que seja uma figura pública, pelo contrário é comum assistirmos ao julgamento da epiderme e dos quilos a mais de figuras públicas mulheres. É sobre este status quo de desigualdade e discriminação de género, infelizmente ainda dominante, que temos que todos e todas lutar, para que homens e mulheres sejam efetivamente iguais e possam ter as mesmas oportunidades.”

Nesse sentido, a CIG lembra que “desde há muito que trabalha na desconstrução dos estereótipos de género, nomeadamente de ações de formação, informação e capacitação de públicos-alvo estratégicos e também através de campanhas nacionais, como a lançada no passado dia 8 de março, e que exatamente tinha por mote Somos todas muito mais que um corpo, alertando para o desequilíbrio sexista que existe na critica publica que é feita do corpo feminino face ao corpo masculino”.

 

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Nesta matéria, a entidade lembra que “só pode apreciar casos diretamente sem que tenha existido queixa no caso de ter conhecimento de factos que sejam suscetiveis de configurar crime público, como acontece por exemplo nos casos de violência doméstica”.

Porém, uma vez interposta denúncia, “a CIG aprecia do ponto de vista fáctico e jurídico, procedendo sempre ao direito ao contraditório sobre quem é alvo da queixa, para depois poder solicitar a intervenção das autoridades setoriais competentes, com vista à alteração de comportamentos”, lê-se na resposta por escrito.