E se um teste de sangue detetar cancro no ovário a tempo? Ciência explica como

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[Fotografia: Pexels/Artem Podrez]

Ciência pode trazer esperança a um dos tumores mais silenciosos na saúde feminina e que, por isso, é frequentemente detetado em fase tardia, levando à morte. Investigadores japoneses descobriram três proteínas-chave que, estudadas, podem abrir espaço para a criação de uma ferramenta de diagnóstico do cancro do ovário, permitindo a deteção atempada e tratamento adequado, revertendo a alta taxa de mortalidade neste tipo de doença.

“As nossas descobertas mostraram que cada uma das três proteínas identificadas é útil como biomarcador o carcinoma seroso de alto grau [um dos subtipos de cancro do ovário mais comum]”, revela, em comunicado, o principal autor do estudo da Universidade japonesa de Nagoya, Akira Yokoi, médico e investigador nas áreas da biologia, medicina, ginecologia e obstetrícia.

De acordo com este estudo publicado na revistaScienceAdvances, que pode ser consultado no original aqui, “os resultados desta investigação sugerem que esses biomarcadores diagnóstico podem ser usados como referências preditivos para terapias específicas”, o que possibilita aos médicos “a otimização de uma estratégia terapêutica para o cancro do ovário”, podendo ser mais personalizada.

Em Portugal, segundo dados avançados em maio deste ano, são identificados cerca de 500 novos casos de cancro do ovário por ano, um tumor que é a oitava causa de morte por cancro na mulher. Vinque-se ainda que quase oito em cada dez casos são diagnosticados em fase avançada, como foi referido a propósito do Dia Mundial do Cancro do Ovário, evocado a 8 de maio. Já em 2022, um relatório do Instituto Nacional de Estatística apresentava a morte de 391 portuguesas em 2020 vítimas deste tipo de tumor, o que representava a perda de 33 mulheres por mês devido à doença.

A inexistência de modelos de rastreio, como já sucede com outros como o da mama ou colo do útero, e os sintomas inespecíficos levam a que seja uma patologia de diagnóstico mais difícil e tardio, com riscos claros para as mulheres e, em caso de sobrevivência, para as suas condições de sobrevida após doença. De entre os sinais a ter em conta, destaque para pressão e incómodo abdominal, dor localizada ou sensação geral de mal-estar.