Cantor que apelou a mulheres iranianas para retirarem o véu fica com pulseira eletrónica

Mehdi Yarrahi Roosarito
[Fotografia: Instagram/ Mehdi Yarrahi]

O cantor iraniano Mehdi Yarrahi, condenado por divulgar uma canção em que apela às mulheres para que retirem o véu islâmico, cumprirá pena com pulseira eletrónica em vez de um ano de prisão efetiva inicialmente previsto.

“A sua pena de um ano foi comutada para vigilância eletrónica [com pulseira de restrição de movimento num raio de mil metros], devido à sua doença e cuidados médicos”, afirmou esta segunda-feira, 26 de fevereiro, uma das suas advogadas, Zahra Minuei.

A advogada indicou que o músico já está a cumprir pena desta forma desde 20 de fevereiro, mas não especificou os problemas médicos de que o artista sofre.

Yarrahi foi condenado a dois anos e oito meses de prisão e 74 chicotadas no início de janeiro pela “publicação de uma canção ilegal que desafia os costumes e a moral de uma sociedade islâmica”, segundo a agência de notícias governamental, a Mizan.

O músico teria de cumprir um ano de prisão efetiva, que já foi comutada, explicou a advogada.

A música que levou o artista à prisão chama-se “Roosarito”, que significa “seu véu” em persa, e apela às mulheres iranianas para retirarem o ‘hijab’ (véu islâmico), mostrando o seu apoio aos protestos que abalaram o país em 2022.

No vídeo da música aparecem mulheres a dançar sem véu e a canção defende “mulher, vida, liberdade”, mote dos protestos motivados pela morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini em 16 de setembro de 2022, que estava sob custódia policial por alegado uso indevido do ‘hijab’.

A morte de Mahsa Amini gerou fortes protestos no país que durante meses apelaram ao fim do regime da República Islâmica e que foram duramente reprimidos pelas autoridades iranianas, com o registo de cerca de 500 mortos e milhares de detenções. Pelo menos oito manifestantes foram executados, um dos quais em público.

O regime de Teerão, que atribuiu os protestos a uma potência estrangeira para fomentar instabilidade interna, acabou por endurecer ainda mais as medidas de controlo sobre o vestuário das mulheres no país.

 

LUSA