Mulheres deputadas no Parlamento voltam a descer e recuam ao nível de 2015

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[Fotografia: Pexels/Timo Miroshnichenko]

Num momento em que a direita toma o poder em Portugal, o número de mulheres deputadas na Assembleia da República volta a descer. Depois do recuo de 2022 face a 2019, chega agora uma nova quebra.

Com 226 lugares contados numa noite de resultados renhidos, neste domingo, 10 de março, sem os quatro lugares da Europa e Fora do velho continente, o número de deputadas cai das 84 em 2022 para 76 em 2024, ou seja, menos oito lugares do que há dois anos. Nestas legislativas de março foram eleitos, para já, 150 homens.

Ora, tal significa que o sexo feminino na política portuguesa recua a valores de 2015, segundo dados da Pordata, quando foram eleitas igualmente 76 mulheres e 154 homens.

E é bem possível que este rácio de há nove anos se reproduza agora uma vez que, nos quatro lugares disponíveis para votos dos emigrantes, os nomes que ocupam os primeiros lugares dos três principais partidos – AD, PSD e Chega – são todos masculinos, não sendo previsível, até ao fecho desta edição, que uma mulher seja eleita.

Olhando ao detalhe e por partido, e uma vez mais sem os dados internacionais, a AD com Luís Montenegro à cabeça elege 53 homens e 23 mulheres, o PS de Pedro Nuno Santos vê chegar 47 deputados masculinos e 30 femininos. O Chega, de André Ventura, que tinha uma mulher num grupo de 12 deputados, vê agora a sua banca parlamentar crescer e ser composta por 13 deputadas face a 35 representantes masculinos.

O Bloco de Esquerda e o partido Pessoas-Animais-Natureza mantêm a supremacia feminina. A primeira força política chega com três mulheres (uma delas a estreia da eurodeputada Marisa Matias) face a dois homens e a segunda segura o lugar como deputada única (Inês Sousa Real).

O Livre, que ganha agora um grupo parlamentar, vê chegar uma mulher – Inês Mendes Lopes – numa bancada que há de ser composta por quatro elementos. O PCP/PEV vai manter rácio semelhante: de uma mulher para três homens na bancada comunista.

O Iniciativa Liberal terá três deputadas e cinco deputados e a coligação PSD/CDS da Madeira traz uma mulher e dois homens ao hemiciclo.

O número de deputadas na Assembleia da República atingiu a sua participação mais alta em 2019. Nessas legislativas foram eleitas 89 mulheres e 141 homens, de acordo com os dados da Pordata.