#MeToo: Tudo sobre o julgamento de Harvey Weinstein e que arranca esta segunda

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[Fotografia: Justin Lane/EPA]

Começa esta segunda-feira, 6 de janeiro, a ser julgado o agora ex-produtor norte-americano de cinema, Harvey Weinstein. O julgamento já é considerado um momento histórico do movimento #MeToo, de denúncia de crimes sexuais.

O ex-produtor de Hollywood, de 67 anos, apresenta-se pela primeira vez num tribunal em Manhattan, Nova Iorque. Recorde-se que está acusado de cinco crimes ocorridos entre 2006 e 2013.

Apesar do caso estar assente, sobretudo, em denúncias de duas vítimas, cujos relatos são ainda válidos para processo judicial, são mais de 80 as mulheres que acusaram Harvey de assédio e agressão sexual ao longo de anos. Testemunhos que, não podendo ser apresentados aos magistrados, têm uma força social de grande amplitude.

A detenção do produtor teve lugar em maio de 2018, meses depois de o jornal norte-americano The New York Times e de a revista, também norte-americana, The New Yorker terem publicado, em outubro de 2017, reportagens a denunciar o escândalo sexual no meio cinematográfico.

Foi a partir dessas reportagens que o movimento coletivo de denúncia e partilha #MeToo, nascido em 2007, ganhou renovado fôlego, trazendo à luz casos de abuso, agressão e assedio sexual na indústria do entretenimento e não só. Entre as mulheres que se expressaram contra o antigo produtor estão as atrizes Uma Thurman, Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Salma Hayek e Lupita N’yongo.

Recorde-se que, na sequência das denúncias, o produtor foi obrigado a afastar-se da empresa que o próprio fundou, a The Weinstein Company. Para além disso, foi expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, anualmente responsável pela atribuição dos Óscares.

Durante anos, Weinstein foi considerado um dos produtores mais poderosos de Hollywood, sendo mesmo a ser considerado um “Deus”, nas palavras da atriz Meryl Streep. Agora, mediante os factos, vai ser apresentado a tribunal num julgamento que, segundo a revista Variety, será diretamente testemunhado por mais de 150 jornalistas acreditados.

A polémica de maior dimensão envolveu o então produtor norte-americano Harvey Weinstein, mas com o movimento surgiram ainda outros relatos de abusos envolvendo os atores Kevin Spacey e Dustin Hoffman, o ex-presidente da Amazon Studios, Roy Price, os realizadores Brett Ratner e James Toback, os jornalistas Charlie Rose, Glenn Thrush e Matt Lauer, o fotógrafo Terry Richardson e o comediante norte-americano Louis C.K..