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Mulheres pouco representadas nas preocupações eleitorais britânicas

Violência doméstica: Os manifestos de Conservadores e Trabalhistas abordam a violência doméstica e de género e a necessidade de se tomarem medidas mais eficazes de a combater, mas são vagos no que se refere à apresentação de propostas concretas para alcançar esse fim. Apesar disso, May deu início, em fevereiro deste ano, a um grupo de trabalho para discutir alterações na lei sobre a violência doméstica. Já os Trabalhistas comprometem-se a indicar um novo comissário para “assegurar novos padrões mínimos de combate à violência doméstica e sexual” e a criar um fundo nacional que assegure a estabilidade financeira dos centros de apoio a mulheres vítimas de violação. (Fotografia: Shutterstock)
Aborto: Os Trabalhistas propõem o alargamento da despenalização do aborto à Irlanda do Norte, dando às mulheres as mesmas condições de saúde e segurança, na interrupção da gravidez, que já existem nas outras nações do Reino Unido. [Fotografia: Kamil Krzaczynski/Reuters]
Trabalho: A referência mais direta às mulheres, no manifesto dos Conservadores, tem a ver com a desigualdade salarial por género. O programa do partido de Theresa May determina que as empresas com mais de 250 funcionários divulguem dados sobre o que pagam a mulheres e homens, mas não aponta nenhuma consequência para as organizações que pratiquem a desigualdade salarial entre os géneros. Os Trabalhistas, por sua vez, focam-se na necessidade de assegurar a representação de mais mulheres nos quadros administrativos das empresas, remetendo o direito a salário para as leis laborais, de promoção da igualdade salarial, criadas pelo partido, no passado: do 'Equal Pay Act' e do 'Sex Discrimination Act' ao salário mínimo.
Paridade na política: Caso seja eleito primeiro-ministro, Jeremy Corbyn promete um governo totalmente paritário, com, “pelo menos, 50% de mulheres em cada ministério”. [Fotografia: Shutterstock]
Licença de maternidade: Existe em teoria, mas é cada vez mais difícil gozá-la e o sistema não ajuda, dizem os Trabalhistas, que têm como medida eleitoral a revogação das taxas judiciais nos processos do Tribunal do Trabalho. O elevado valor das custas judiciais, nestes casos, inibe que os trabalhadores façam queixa em caso de incumprimento das leis laborais ou do usufruto dos seus direitos, como a licença de maternidade. Os Trabalhistas também defendem, no seu manifesto, o alargamento do prazo para apresentar queixa no tribunal, de três para seis meses, para os casos de discriminação das trabalhadoras que sejam mães. [Fotografia: Orlando Almeida/Global Imagens]
Pensões: As mulheres nascidas na década de 1950 que recebiam pensões de velhice do Estado viram-nas ser alteradas nos últimos anos. Os Trabalhistas prometem agora alargar a atribuição dessas pensões “a milhares de mulheres vulneráveis” e “explorar” outras medidas que garantam a sua proteção social.[Fotografia: Shutterstock]
Filhos: Se os Conservadores forem eleitos, haverá uma nova creche em cada nova escola que for construída. Já os Trabalhistas trariam como novidade, nas medidas de apoio aos filhos, estender as 30 horas gratuitas de creche para todas as crianças com dois anos, alargar esse direito, progressivamente, às crianças de um ano e prolongar a licença de maternidade paga até aos 12 meses. [Fotografia: Shutterstock]

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Os britânicos escolhem até às 22h desta quarta-feira, 8 de junho, o seu novo governo e quase todas as previsões indicam que Theresa May, atual primeira-ministra, continuará a ocupar o cargo. Algumas sondagens avançam mesmo que May poderá conquistar o melhor resultado para os Conservadores, desde Margaret Tatcher.

Se as previsões se confirmarem será, no entanto, a primeira vez que a atual primeira-ministra britânica ocupa o lugar por voto popular. Theresa May foi escolhida, em julho de 2016, pelos eleitores do seu partido, o Partido Conservador, para suceder a David Cameron, primeiro-ministro até à realização do referendo sobre a continuidade do Reino Unido na União Europeia. O resultado da consulta, realizada em junho do ano passado, ditou a vitória do Brexit – a favor da saída – e a consequente demissão de Cameron, que tinha, tal como May, feito campanha pela permanência na UE.

Este novo cenário trouxe pressões dos partidos da oposição, sobretudo dos Trabalhistas, para a realização de eleições antecipadas e as primeiras dificuldades nas negociações da saída da União Europeia e as ameaças da Escócia de fazer um segundo referendo à independência, acabaram por levar Theresa May a antecipar as eleições gerais para este dia 8 de junho, recuando assim na decisão de não convocar o escrutínio antes de 2020.

O pós-Brexit e os desafios económicos daí decorrentes, a sustentabilidade do sistema social e a imigração, mas também o terrorismo, com a ocorrência de atentados em Manchester e Londres, no espaço de um mês, dominaram as campanhas.


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Entre as medidas especificamente relacionadas com a saída da UE, os conservadores prometem não permitir a realização de um referendo escocês sobre a independência até que o processo esteja concluído. Em matéria de imigração, os conservadores pretendem aumentar os encargos das empresas por cada trabalhador imigrante contratado e cobrar aos imigrantes taxas mais elevadas de utilização dos serviços de saúde públicos.

Sobre as questões do terrorismo, a véspera das eleições trouxe uma das frases mais polémicas da campanha, com Theresa May a afirmar que, se for eleita primeira-ministra, estará disposta a rever a proteção aos direitos humanos.

Sou clara: se as leis dos direitos humanos forem um entrave na luta contra o extremismo e o terrorismo, mudaremos essas leis para garantir a segurança dos britânicos”, afirmou na sua página de Twitter, dias depois de Jeremy Corbyn, líder dos Trabalhistas, ter pedido a sua demissão pelos cortes orçamentais na Segurança.

E se os direitos humanos podem ficar para segundo plano, nesse contexto, não será de estranhar que, dentro deles, os direitos das mulheres tenham sido pouco representados na campanha, apesar do combate à violência doméstica ter sido uma das prioridades do governo de Theresa May e de o partido liderado por Jeremy Corbyn ter um capítulo dedicado às mulheres e algumas medidas concretas relacionadas com questões de género, no seu manifesto para estas eleições.

Na fotogaleria, em cima, pode ver as propostas dos dois maiores partidos, Conservadores e Trabalhistas, dirigidas às mulheres.

 

Imagem de destaque: REUTERS/Clodagh Kilcoyne