Só 2% das crianças até dez anos brinca na rua

Em Portugal, há muito que a rua deixou de ser um local preferencial de brincadeira para os mais pequenos (só 2,2% é que o fazem), embora perto de metade dos pais gostasse de ver essa realidade contrariada. Esta é uma das conclusões do inquérito Portugal a Brincar e que está a ser apresentado esta terça-feira, 30 de abril, no âmbito da conferência Estrelas & Ouriços, que está a decorrer em Cascais.

“Antigamente, havia mais espaços e mais possibilidades para a criança brincar ao ar livremente. O apanágio do sucesso, o ritmo desenfreado e o pensamento de que brincar não é sério apresentam consequências dramáticas para o desenvolvimento das crianças”, referiu, em comunicado de imprensa, Rui Mendes, o coordenador deste estudo que auscultou perto de 1500 progenitores.

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Segundo os inquiridos – dos quais 92% são do sexo feminino -, ¼ das crianças (25%) só brinca duas a três horas diárias, tempo que os pais, referem os autores do estudo, consideram ser insuficiente. Estas e outras conclusões desta análise, que contou com respostas voluntárias por parte de pais de crianças até 10 anos e de ambos sexos, podem ser consultadas na galeria acima.

Os miúdos brincam, refere ao estudo, onde passam exatamente mais tempo: a escola, seguido do lar da família e a casa dos avós.

Brincadeiras e tecnologia

Quanto às relações lúdicas com as tecnologias, apesar de a maioria ter menos brinquedos eletrónicos do que dos restantes, certo é que, olhando para a utilização de tablets ou smartphones, 65,3% dos miúdos até dez anos já os incorporam nas suas brincadeiras. Mais: pouco mais de 1/5 das crianças (21,6%) já dispõe dos seus próprios aparelhos, ou seja, já são mesmo deles.

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De acordo com o comunicado de imprensa, “34,9% dos pais tem 1 a 3 aplicações instaladas, 19,2% tem entre 4 a 6 aplicações instaladas e 10,8% tem instaladas mais de 6 aplicações”. Quanto ao tempo aplicado nas tecnologias, mais de metade das crianças até dez anos (53,9%) “faz um uso moderado e brinca no máximo uma hora por dia, independentemente da faixa etária”.

Estas conclusões decorrem do trabalho de mestrado em Jogo e Motricidade na Infância, da Escola Superior de Educação de Coimbra e foi desenvolvido em parceria com o Instituto de Apoio à Criança.

Imagem de destaque: Shutterstock

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