Mãe de Faro denunciada pela PSP volta a participar num protesto pelo direito à manifestação

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[Fotografia: DR]

“Cresci a ir a manifestações do 25 de Abril, do 8 de março e do 1 de maio, que são celebrações de direitos alcançados. A PSP não pode pôr em causa o direito à manifestação como me fizeram simplesmente porque trazia o meu filho”, afirmou Filipa (nome fictício) este sábado, 23 de março, enquanto participava na marcha organizada pelo Movimento Democrático de Mulheres.

Filipa é a mãe de Faro que foi alvo de uma denúncia da PSP à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJ), por ter participado com o filho bebé na marcha do Dia Internacional da Mulher, e juntou-se ao protesto neste sábado na capital. “Ninguém me proíbe de manifestar com a minha mãe”, lia-se no seu cartaz. Revelou que, até ao momento, ainda não foi notificada pela CPCJ, e espera não ser por não ter posto o seu bebé em risco.

De volta as protestos, Filipa saiu ontem novamente à rua para que as conquistas “não voltem atrás”, mas desta vez com uma mensagem diferente. Acompanhada por familiares que empurravam o bebé no carrinho, devidamente protegido, a mãe do caso de Faro deixou uma mensagem pelo direito ao protesto.

As autoridades terão apresentado queixa à CPCJ, alegando que nesse dia “estava a chover” e, tratando-se de uma manifestação, “poderia haver situações de risco”. Filipa participou mesmo no protesto, após uma comissária da PSP lhe ter dito que podia participar. Mas no final da marcha, um dos agentes da PSP terá tirado fotografias ao carrinho de bebé sem a autorização da mãe. “Só espero que o facto de estar aqui hoje e de sairmos à rua pare com este tipo de intervenções anticonstitucionais”, disse.

O protesto deste sábado, que levou largas centenas de pessoas de todo o país para as ruas de Lisboa, foi um grito sobre a participação “absolutamente fundamental” das mulheres para que os seus direitos sejam cumpridos. “Nós não queremos recuar, recusamos recuar”, afirmou Sandra Benfica, dirigente do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), plataforma que, pelo oitavo ano consecutivo, organizou uma marcha em defesa das mulheres no centro de Lisboa. Este ano também para anteceder o cinquentenário do 25 de Abril.

A plataforma quer alertar para os baixos salários e os preços da habitação, bem como a necessidade de combater a violência doméstica. Reivindica também que sejam garantidos os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, através do acesso ao planeamento familiar e à interrupção voluntária da gravidez (IVG) em todo o país.